O domingo não poderia ter sido mais feliz para o Palmeiras. Primeiro, bateu a Raposa (3 a 1) e vingou-se, em parte, da eliminação nas semifinais da Copa do Brasil, com direito a ‘olé’. Ou seja, degustou no almoço um macarrão da mamma dos mais saborosos. Depois, devorou uma ótima sobremesa: o empate do soberano Tricolor com o Botafogo (2 a 2). Um cannoli extremamente apetitoso: a liderança do Brasileirão, após 27 rodadas.
O Palestra comanda a tabela com 51 pontos, mesmo número do Saci colorado (bateu o Vitória por 2 a 1, de virada), mas está na frente por ter melhor saldo de gols, 23 a 18. O São Paulo agora está em terceiro, com 52. O Grêmio fecha a quadra de ases, com 50. O G6 da Libertadores tem ainda Flamengo (49 pontos) e Galo (45). Na próxima rodada, o Tricolor enfrenta o Palmeiras em clássico que ganhou ares de decisão.
De acordo com o site ‘Infobola’, do matemático Tristão Garcia, as chances de soltar o grito de campeão estão assim: Palmeiras – 38%; Saci colorado – 34%; São Paulo – 16%; Grêmio – 8%; Flamengo – 3%; e Galo – 1%.
No café da manhã do Brasileirão na casa alugada do Pacaembú, com 35.654 convidados (R$ 1.260.130), o Palmeiras colocou a Raposa para correr num jogo tecnicamente apenas regular. Os dois times jogaram recheados de reservas.
Com o triunfo por 3 a 1, o Palestra detonou um jejum de três anos sem devorar o pão de queijo. Acumulava quatro empates e seis coças. Lucas Lima, Hyoran (foto) e Gustavo Gómez (pênalti) garantiram os três pontos aos periquitos em revista.
Mancuello descontou para a Raposa, com o apoio de sua senhoria, o assoprador de latinha Dewson Fernando Freitas da Silva. O Palmeiras vencia por 1 a 0 quando Gustavo Gómez meteu a mão na bola fora da área, aos 30 minutos do primeiro tempo, mas Dewson apontou a marca da cal.
De nada valeram os protestos palmeirenses. Que prosseguiram no intervalo do jogo, com o gerente Alexandre Mattos invadindo o campo para chiar contra o apito amigo dos mineiros, e após a partida, na voz do mandachuva e raios do clube, Maurício Gagliotte: “Já tiraram dois títulos do Palmeiras neste ano [Paulistinha e Copa do Brasil]. O clube foi prejudicado em jogos decisivos. Má-fé? Eu prefiro usar outro termo, incompetência.”
O clima quente entre paulistas e mineiros prosseguiu no túnel de acesso aos vestiários do Pacaembu com uma troca de gentilezas entre os seguranças dos clubes. A PM precisou intervir. O caso terminou com uma queixa da Raposa na delegacia.
Em campo, o show ficou por conta do atacante Deyverson. Nos minutos finais, com a torcida gritando ‘olé’ e o triunfo assegurado, ele provocou os adversários com dribles e até embaixadinhas. Os cruzeirenses ficaram uma fera e por pouco o tempo não fechou, como nas semifinais da Copa do Brasil, no meio da semana.
No estádio Nilton Santos, o Niltão (18.403 pagantes/R$ 285.760), o Tricolor paulista completou três jogos sem vencer ao ficar no 2 a 2 com o limitado Botafogo – também empacou diante do Coelho (1 a 1) e do Peixe (0 a 0). O resultado tirou o time de Diego Aguirre da liderança. Apesar de saber que precisava da vitória para não desabar na classificação, o São Paulo decepcionou a torcida, que esperava por um time com ‘a faca entre os dentes’. Mostrou-se acomodado em boa parte do duelo com os botafoguenses.
Os cariocas abriram o placar com Jean aos 4 minutos de jogo. Diego Souza empatou aos 7. Kieza (foto), aos 24, colocou o Botafogo novamente em vantagem no primeiro tempo. Gonzalo Carneiro deixou tudo igual aos 16 do segundo.
Na bacia das almas, o goleiro Saulo operou dois milagres e evitou a derrota do Botafogo. Rojas chutou, ele defendeu parcialmente e, no rebote, pegou um arremate à queima-roupa de Diego Souza. Uma defesa fantástica!
No próximo fim de semana, o São Paulo receberá o líder Palmeiras no Morumbi. O Choque-Rei será realizado no sábado por causa da eleição. O Palestra não ganha o clássico na casa do coirmão há mais de 16 anos. A última vitória aconteceu em 20 de março de 2002: 4 a 2, com um show do meia Alex.
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Pitaco do Chucky. Nada contra, ao contrário. Mas por que a mulher tem de ganhar apenas igual ao homem e não mais que o homem?
Café no bule. O Circo Brasileiro de Futebol informa à turma do pudim: negociou por R$ 500 milhões os direitos internacionais de transmissão e publicidade estática do Brasileirão com a empresa BRFoot Mídia SA. Tempo do acordo: de 2019 a 2022. A grana será dividida por 18 clubes sem privilégios. Por ter colaborado nas negociações, a casa maldita do ludopédio nacional receberá uma gorda comissão. Ninguém é de ferro.
Porta da esperança. A Raposa já faturou R$ 43,7 milhões em mata-matas nesta temporada. O pão de queijo lidera o ranking, seguido pelo Corinthians, com R$ 40,3 milhões em prêmios. Os dois decidirão a Copa do Brasil, que dará R$ 50 milhões ao campeão e R$ 20 milhões ao vice. A distribuição do dindim em 2018, de acordo com o ‘Globo.com’:
1) Raposa – R$ 43,4 milhões
2) Corinthians – R$ 40,3 milhões
3) Palmeiras – R$ 23,4 milhões
4) Flamengo – R$ 20,3 milhões
5) Grêmio – R$ 18,8 milhões
6) Peixe – R$ 13,8 milhões
7) Vasco – R$ 11,9 milhões
8) Furacão – R$ 10,8 milhões
9) Galo – R$ 8,6 milhões
10) Bahia – R$ 8,4 milhões
11) São Paulo – R$ 7,2 milhões
12) Chapecoense – R$ 7 milhões
13) Fluminense – R$ 6,6 milhões
14) Saci colorado – R$ 5,4 milhões
15) Botafogo – R$ 4 milhões
Zé Corneta. Os números de Bandeira de Mello no Urubu merecem elogios: em seis anos, 14 ‘professores’, 71 contratações e três canecos em 24 torneios – dois Carioquinhas e uma Copa do Brasil.
Pobre meninas. Uma pesquisa do Sindicato Internacional de Atletas Profissionais mostrou a excepcional fase que atravessa o futebol feminino. A saber: 49,5% das jogadoras não recebem salário nos clubes; 47% não possuem contrato formal; 30% têm outro emprego; 60% ganham menos de US$ 600; e 35% não faturam um centavo quando jogam pela seleção. De acordo com o blog Dibradoras, 3.600 jogadoras da Europa, África, Ásia e Américas participaram do levantamento. As brasileiras ficaram fora por não atingirem o número mínimo de respostas, mas a realidade é a mesma. Ou melhor, muito pior.
Sugismundo Freud. A Justiça é cega, mas a injustiça se pode ver.
Aqui jaz… O futebol pernambucano atravessa fase invejável. O Sport caminha fogoso para a Segunda Divisão. Santa Cruz e Náutico naufragaram na luta para ascender à Série B. E os times do interior morreram afogados na Série D. Uma produção mais que suficiente para garantir o terceiro mandato ao iluminado cartola Evandro Carvalho na presidência da Federação. Até 2022, ele certamente conseguirá escrever a lápide ‘aqui jaz a alegria do povo’.
Caiu na rede (by ‘Olé do Brasil’). Em respeito ao Flamengo, seu outro time, a arbitragem não comemorou a classificação do Corinthians.
Au, au… O ‘sargento’ Felipão é fã de carteirinha do volante Thiago Santos. Acredita que poucos são tão eficientes no combate ao adversário como o ‘Cachorrão’, carinhoso apelido que deu ao atleta.
Dona Fífi. Calma, galera do Flamengo! O time ainda sobrevive… na UTI do Brasileirão.
#ElaSim. A espanhola Ana Carrasco, 21 anos, entrou para a história: conquistou o título do World Supersport 300 e se tornou a primeira mulher a ganhar um título de motovelocidade correndo ao lado de marmanjos. Ela venceu duas provas na temporada, em Imola e Donington Park.
Zapping. O nível das mesas-quadradas na TV é absolutamente fiel à qualidade do esporte bretão nacional: baixíssimo, risível.
Gilete press. Da jogadora de vôlei Thaísa, nas redes sociais: “Mulher independente assusta, o cara já chega percebendo que a autoestima dela não precisa dele. Homem adora mulher que depende dele para algo, quando percebe uma mulher muito forte na sua solidão, ele tende a ficar retraído. Então, mulher, não tenha medo de assustar uns caras, no máximo os que vão ter medo são os inseguros, os infantilizados. Encontre sua força, sua autoestima e não dependa de um cara.” Na mosca.
Tititi d’Aline. O time russo de hóquei Spartak Moscou está no centro de um furacão. A equipe decidiu publicar uma foto seminua de Yulia Ushakova, para mostrar a lesão no tornozelo da jogadora e repórter da TV do clube, e ganhou muitas acusações de sexismo. A imagem no Twitter mostra a atleta de costas apenas de calcinha. Dois dias depois, Yulia já estava recuperada e treinando na academia ‘para as próximas partidas em casa’.
Você sabia que… a seleção brasileira feminina ocupa apenas o oitavo lugar no ranking da mamãe Fifa, com 1.973 pontos, 141 a menos que a equipe dos EUA, líder da lista?
Bola de ouro. Torcida do Fortaleza. Um show nas arquibancadas. Líder da Série B, o Leão do ‘professor’ Rogério Ceni ruge como dono dos 10 maiores públicos do campeonato. A média é de 22.273 espectadores por partida. Se estivesse na elite do Brasileirão, o Fortaleza ocuparia a sétima posição no ranking, à frente de Grêmio (22.017 pagantes), Galo (16.779), Fluminense (15.915), Raposa (15.610), Vasco (14.849), Peixe (10.845) e Botafogo (8.467).
Bola de latão. Brasileirão. Haja coração: pior média de gols desde 1990. Até a 26ª rodada, 2,2 tentos por embate. Há 28 anos, foi de 1,89 por partida, a marca mais baixa da história. Em 2005, a maior festa: 3,14 gols por duelo.
Bola de lixo. Ludopédio tupiniquim. A pelota corre mais quadrada do que nunca na ‘ilha da fantasia do mestre Tattoo’: torcedoras palmeirenses são expulsas do metrô por horda de corintianos, com direito a pé na bunda desferido por um animal; em dia de votação de impeachment no aquário da Vila Belmiro, o presidente do Santos, José Carlos Peres, aparece com um colete à prova de balas e revela que até a sua mãe de 90 anos recebeu ameaças de morte. Que maravilha!
Bola sete. “Lamento muito a saída do Barbieri. Como sempre, o momento negativo só tem um endereço. Não aceitei o convite porque gosto de começar o trabalho, de criar diretrizes, de criar filosofias” (do ‘professor’ Abel Braga, que pretende voltar ao batente somente em 2019).
Dúvida pertinente. Brasilerão, nivelado por cima ou por baixo?
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