Simplesmente estapafúrdia a voracidade dos engomadinhos de colarinho branco em advogar, com a faca nos dentes, o retorno do ludopédio nacional, ignorando a pandemia do novo coronavírus, cada vez mais fatal no país. Do Circo Brasileiro de Futebol às federações, com a anuência de muitos clubes. Que se dane a vida, o mais importante é faturar.
A maioria dos cartolas acredita que a troca do ministro da Saúde (Luiz Henrique Mandetta por Nelson Teich) facilitará o retorno da bola, com portões fechados, na segunda quinzena de maio.
O ‘presidente fantasma’ Rogério Caboclo, chefão da casa maldita do esporte bretão, havia sido aconselhado pelo demitido Mandetta a só pensar na volta depois de junho.
Os campeonatos foram suspensos em 15 de março. Ou seja, em pouco mais de um mês os times abriram o bico, mostraram que se encontram num fatídico buraco negro, independentemente do ataque do coronavírus.
Eles têm o apoio de Bozo, um perna de pau no campo da ciência e da democracia. Para o presidente, a parada levará à falência muitos times pequenos, “e até os gigantes Flamengo e Palmeiras passarão por dificuldades’.
À frente da insana luta pelo retorno aos gramados está o poderoso chefão do Urubu, Rodolfo Landim, pouco se lixando para a saúde dos jogadores. Vale lembrar: fã de carteirinha de Bozo (na verdade, de quem está no poder), o cartola até agora empurra com a barriga as 10 mortes dos garotos na tragédia do Ninho do Urubu. Dedução: uma morte a mais não faz diferença.
Na contramão do Rubro-negro, o ex-presidente do Botafogo Carlos Augusto Montenegro: “Você tem uma Olimpíada adiada, torneios centenários cancelados, a NBA parada, a Fórmula 1… Por que esse nervosismo para voltar o Campeonato Carioca ou o Paulista? Que maluquice é essa? O Flamengo está preparando uma outra tragédia. Agora, calculada.”
O Botafogo só deixará a quarentena quando o Ministério da Saúde, médicos e secretários autorizarem. Corinthians, Palmeiras e soberano São Paulo comungam da mesma opinião que o coirmão carioca. Por enquanto.
Para os profissionais da saúde, o futebol deve ficar fora de ação até julho, no mínimo. Mas a pressão de famintos e irresponsáveis clubes pode prevalecer. O Brasil não é mesmo um país sério. Basta acompanhar as inomináveis estrepolias do Capitão Corona.
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Pitaco do Chucky. Planalto, o novo quartel-general das Forças Armadas.
SOS. Sem receber há três meses, o elenco do Flamengo, do Piauí, está desesperado. Atletas recorreram ao post do próprio clube para desabafar: os filhos não têm o que comer. Antes da suspensão do estadual por causa do coronavírus, o Flamengo ocupava a quinta colocação, com 12 pontos. No futebol feminino, boa parte dos clubes recebeu ajuda do Circo Brasileiro de Futebol (R$ 50 mil e R$ 120 mil), mas se nega a pagar até ajuda de custo de R$ 500. Audax, Juventus, Sport, Vitória, Auto Esporte e Santos Dumont tungaram as meninas. A samaritana casa maldita do ludopédio entregou a grana sem exigir prestação de contas.
Zé Corneta. Pandemia, apenas um baile de máscaras no clã dos Bozo.
Tico-tico na gaiola. Depois de Bélgica e Holanda, França anuncia que os esportes coletivos seguirão proibidos até setembro, ninguém soltará o grito de campeão. Por aqui, com a pandemia do novo coronavírus em ebulição, o glorioso Circo Brasileiro de Futebol informa que os fantásticos estaduais poderão voltar em junho. O último plantão médico da ‘gripezinha’ do Bozo: 5.511 mortes e 79.361 infectados – até 20 horas desta quarta. Entre as vítimas, Jorge Antônio de Oliveira, 49 anos, funcionário do Circo Brasileiro de Futebol na Granja Comary, centro de treinamento da amarelinha desbotada. Ele morreu na semana passada com suspeita coronavírus.
Sugismundo Freud. Uma casa sem espelho é uma casa sem rosto.
Rombo. Apenas 53% das principais competições esportivas programadas para este ano devem ser realizadas. O diagnóstico é da agência de marketing americana ‘Two Circkes’. Dos 48.803 eventos colocados na folhinha, somente 26.424 chegarão ao fim por causa do coronavírus. Os planos indicavam um faturamento global de R$ 720 bilhões. Se o café no bule atingir R$ 392 bilhões, aleluia! Ano passado, a indústria esportiva mergulhou em R$ 685 bilhões. O Circo Brasileiro de Futebol acredita que a pandemia já causou uma perda de R$ 4 bilhões no esporte bretão nacional.
Tiro rápido. Pátria Amada Brasil, um país desgovernado. E daí?
Luto no garrafão. Recordista em jogos da seleção brasileira, o ex-jogador Gerson morreu aos 60 anos, vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica – doença degenerativa que causa paralisia motora progressiva. Gerson foi diagnosticado com ELA em novembro de 2019. O ex-pivô começou a carreira no basquete em 1979. Disputou três Jogos Olímpicos, dois Mundiais e três Pan-americanos (ganhou o ouro em 1987).
Caiu na rede. Acredita em reencarnação? Então, me dê R$ 10 mil e eu lhe pago na próxima.
Demissão. O excelente narrador José Silvério foi dispensado pela Band depois de 20 anos. Ele tinha contrato até o fim da Copa do Catar, em 2022. Em Lavras (MG), Silvério afirmou que pretende não narrar mais futebol, mas se aparecer uma boa proposta… O facão desce dia sim e outro também no grupo da família Saad. Só não se mexe nos amigos do poder…
Zapping. O SporTV foi condenado a pagar R$ 230 mil à ‘Produções Carlos Niemeyer Filmes’ por danos morais e materiais pelo Superior Tribunal de Justiça. A emissora exibiu sem autorização imagens do Canal 100 e do documentário ‘Isto é Pelé’, produzido em 1974.
‘Cigarro da felicidade’. Dono de negócios ligados à maconha, o ex-campeão mundial de boxe Mike Tyson (foto) festejou o ‘feriado’ em homenagem à cannabis, comemorado em várias cidades americanas em 20 de abril. A droga é legalizada para uso recreativo ou medicinal. Entre uma e outra tragada num baseado, Tyson lamentou não ter dividido ‘o cigarro da felicidade’ com Bob Marley, ícone do reggae e da cultura da maconha. O ex-pugilista é dono do Tyson Ranch, que cultiva a cannabis.
Gilete press. De Cosme Rímoli, no R7: “O encerramento do Campeonato Francês, faltando dez rodadas, é um banho de água gelada nas costas de Neymar. O jogador não esconde de ninguém que deseja voltar para o Barcelona. E quer fazer de tudo para que nesta janela de verão europeu, depois dos torneios nacionais e da Champions, volte a ser valorizado como em 2017, quando terminou o ano como terceiro melhor do mundo. Ele está disposto até a buscar uma solução na Fifa para deixar Paris, já que seu contrato termina em 2022 e o PSG não é obrigado a fixar valor para os seus direitos. Cobra o quanto quiser. E vende se quiser.” Novela à vista.
Tititi d’Aline. Mídia esportiva. Está estraçalhando em tempos de coronavírus. Um poço de criatividade: ‘pofexô’ Luxemburgo celebra 27 anos da primeira passagem pelo Palmeiras; zagueiro santista Luan Peres driblado apenas uma vez nesta temporada; maiores públicos do estádio de São Januário; cinco maiores jogadores da história de Santos, Palmeiras e Corinthians; de Marcelinho Carioca a Luan: lembre donos da mítica 7 no Corinthians neste século; há 20 anos, goleiro Zetti fez gol contra em vitória rubro-negra sobre Fluminense; primeira vez de Messi x Cristiano Ronaldo faz 12 anos; soco de Felipe Melo em uruguaio completa três anos… Nada se cria, tudo se copia. Alô, alô, Terezinha!
Você sabia que… a reprise de Brasil x Itália, pela Copa de 1994, obteve apenas 16 pontos de audiência na plim plim, inferior ao Paulistinha-19?
Bola de ouro. Los Angeles Lakers. Devolveu ao governo dos Estados Unidos o empréstimo de US$ 4,6 milhões (R$ 25,5 milhões) destinado ao socorro de empresas durante a pandemia de coronavírus. Motivo: os recursos federais do programa de ajuda a pequenas empresas terminaram sem atender a todos que necessitavam.
Bola de latão. Andrés ‘Desmanchez’. O mandachuva e raios do Corinthians anda se superando. Há mais de três mil dias prometendo o batismo do Itaquerão, minha casa minha vida sem um pingo de sucesso, inventou mais uma muleta para ludibriar a Fiel: o coronavírus, além de derrubar o programa sócio-torcedor em 25%, afetou a procura pelo ‘naming rights’. Ninguém quer investir. Cara de pau!
Bola de lixo. Sebastián Villa. O atacante do Boca Juniors foi acusado de agressão pela namorada, Daniela Cortés. Ela publicou vídeos e fotos da selvageria nas redes sociais. Revelou ainda que não foi a primeira vez que foi espancada pelo jogador colombiano de 23 anos. De acordo com Daniela, as últimas agressões aconteceram porque ela teria pedido para retornar à Colômbia para ficar com a família durante a pandemia.
Bola sete. “Meu único sentimento, vendo um estádio daquele tamanho e faltando o básico na saúde, é de revolta” (da médica Bruna Maia, sobre os R$ 700 milhões investidos no estádio de Manaus para a Copa enquanto a saúde vive um caos – uma vergonha).
Dúvida pertinente. Nelson Teich, ministro da Saúde ou Rolando Lero?
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