A operação Game Over ganhou mais um capítulo no início da última semana. Considerado o poderoso chefão da quadrilha de manipulação de resultados no esporte bretão nacional, Anderson da Silva Rodrigues fez acordo de delação premiada. Ele deu detalhes sobre o funcionamento do esquema. A homologação depende do juiz que investiga o escândalo.
Rodrigues confirmou que agia a serviço de mafiosos da China, Malásia e Indonésia. Os cabeças do esquema fora do Brasil são os malaios Jawahir Saliman e Zulfika Bin Sultan, procurados pela Interpol.
A Polícia Civil de São Paulo investiga a máfia das apostas desde o primeiro semestre do ano passado. Nove pessoas foram presas em julho de 2016 e hoje respondem a processo em liberdade.
Antes de Rodrigues, seu braço direito no esquema, o ex-jogador Márcio Souza, havia fechado acordo de delação. A operação Game Over investiga jogos do Paulistinha (Séries A2 e A3) e estaduais do Norte e Nordeste.
De acordo com levantamento da ‘AFP’, o faturamento global das apostas no esporte chega a um trilhão de euros (85% são ilegais). É mais do que o dobro do tráfico de drogas, em torno de 400 bilhões de euros, segundo a ONU.
Resultado: a manipulação de jogos por conta de máfias abala cada vez mais a credibilidade do esporte, principalmente o futebol, o críquete e, mais recentemente, o tênis. O saboroso banquete dos malandros surgiu na década de 90, com o boom da internet.
A máfia não perdeu tempo. O acerto dos jogos nos bastidores foi visto como um ótimo caminho para arrecadar milhões de euros, bem mais do que no mundo das drogas e prostituição.
Na operação, há sempre uma máfia com fundos para ‘investir’ na corrupção de atletas, pagos para perder de propósito. Cingapura é considerada a Meca das apostas online. Uma das gangues, a de Dan Tan Seet Eng, foi acusada de envolvimento em casos no Calcio e no escândalo de Bochum, na Alemanha (Champions).
Para corromper jogadores, as máfias precisam de parceiros nos locais onde ocorrem os campeonatos mais lucrativos, segundo a ‘AFP’. Relatório do procurador de Cremona, na Itália, aponta acordos da gangue de Dan Tan com o ‘clã dos ciganos’, nos balcãs, e o ‘clã dos húngaros’.
A aliança foi selada em San Siro, durante a partida Inter de Milão x Barcelona, pela Champions, em abril de 2010. Com mais conhecimento sobre futebol europeu, os clãs funcionam como ‘olheiros’ da máfia asiática, que entra com o dinheiro. Cabe aos europeus recrutar treinadores ou jogadores aposentados, que servem de elo com os atletas.
No caso do tênis, a influência mafiosa é menor. Por muito tempo, os jogadores eram abordados no bar do hotel. Nos últimos anos, porém, disseram ter recebido mensagens via Facebook, com ‘pedidos de colaboração’, ou até ameaças físicas contra eles ou familiares. Basta uma ajuda para tornar-se escravo dos bandidos, que registram tudo em vídeo ou gravação de áudio.
No último escândalo envolvendo o tênis, a mídia inglesa informou que jogadores teriam aceitado US$ 50 mil para manipular jogos. Em partidas da terceira divisão italiana, o ‘cachê’ varia de 40 mil a 80 mil euros. Já na Série A pode chegar a 400 mil euros.
A manipulação de um duelo no futebol europeu pode atingir até 5 milhões de euros em propinas e pagamentos a intermediários. O lucro atinge 20 milhões de euros, sem correr os mesmos riscos do tráfico de drogas. O grande problema é conseguir provas.
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Pitaco do Chucky. Até quando a miopia dos brasileiros ficará à mercê de óculos com lentes cor de rosa?
Abutres. Os exterminadores do ludopédio carioca são realmente incríveis. Comandam um departamento de marketing insuperável. São capazes de transformar feijoada em sopa de chuchu num piscar de olhos. Que o digam as semifinais da Taça Guanabara, o primeiro turno do Carioquinha! Com excepcional trabalho nos bastidores, conseguiram a proeza de converter o Clássico dos Milhões em um cofrinho dos mais mixurucas, merecedor de centavos, e olhe lá! Após uma semana de campanha maciça na mídia, Flamengo e Vasco atraíram um público fantástico ao estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda: nada menos que 5.484 torcedores. Eles proporcionaram a invejável arrecadação de R$ 309.130. O estádio comporta 20 mil torcedores.
Zé Corneta. A Fiel ainda se lembra de Giovanni Augusto, Marquinhos Gabriel e Guilherme?
Abutres 2. Fluminense e Madureira também deram show no estádio Los Larios, em Xerém. O sensacional embate seduziu 1.992 testemunhas, que deixaram nas bilheterias um dízimo total de R$ 40.940. Passando a régua: as semifinais, com três grandes da Cidade Maravilhosa das balas uivantes, cravou 7.476 espectadores. Palmeiras x Ferroviária, um mero joguinho pela sexta rodada do Paulistinha, a pré-temporada com ingresso pago, levou 26 mil torcedores à mansão Allianz Parque.
Sugismundo Freud. Para conquistar a felicidade é preciso domar a tristeza.
Tiro no pé. O Bahêa resolveu dar um bico no Baianinho e prestigiar para valer apenas a Copa do Nordeste e a Copa do Brasil. Resultado: está pagando para jogar no estadual. A torcida simplesmente abandonou o time, já que o ‘professor’ Guto Ferreira tem escalado uma equipe repleta de reservas. Nos dois primeiros jogos como mandante, o Bahêa colecionou um prejuízo de R$ 175 mil. Na goleada de 6 a 0 sobre o Bahia de Feira, o clube arrecadou R$ 29.596 (3.755 pagantes). Ficou no vermelho em R$ 93.345,41.
Caiu na rede. Hit do bloco capitão Eu-rico Miranda: ‘Dá chupeta pro Nenê não chorar’.
Dona Fifi. Neymar é uma felicidade só: poderá se encontrar com a namorada, Bruna Marquezine, mais vezes. É que a amada ganhou um ano sabático da plim-plim. Nada de novelas.
Ziriguidum. Como ninguém é de ferro, o blogueiro vai tirar alguns dias de folga para cair na folia.
Gilete press. Do baiano Robson Conceição, ouro olímpico no boxe, ao ‘Hoje em Dia’: “Por enquanto, nada mudou na minha vida, além do contrato como profissional. Tenho apenas o reconhecimento e o carinho do público aonde vou. Em questão de patrocínio, está zero. Acho que vai continuar a mesma coisa. A Marinha, desde 2009, vem me dando suporte e consigo levar [a vida] com ele. Luto pela minha família e por quem acredita em mim. Não adianta você lutar para a mídia ou para o governo, porque não vale a pena.” No fígado.
Zé Colmeia. Dono de uma fortuna estimada em US$ 1 bilhão, o aposentado boxeador Floyd Mayweather queima mais de US$ 50 milhões em festas, viagens, sempre muito bem acompanhado, e carrões.
Tititi d’Aline. O goleiro Diego Cavalieri encontrou um ombro mais que amigo para repousar depois dos frangos. Ele está namorando a musa do time de vôlei do Fluminense, Lara Nobre. O love story começou em dezembro. É o primeiro relacionamento sério do jogador do Tricolor desde a separação da modelo Dani Cavalieri, com quem tem um filho.
Você sabia que… o campeão olímpico de salto com vara Thiago Braz assinou contrato com o Pinheiros depois de ficar dois meses sem clube?
Bola de ouro. Sada Cruzeiro. Tricampeão mundial e tetra da Superliga, o time mineiro deu uma solene cortada (3 a 0) no argentino Bolívar, em Montes Claros (MG), e conquistou pela quarta vez o Sul-americano masculino de clubes. A equipe carimbou o passaporte para o Mundial da Polônia, em dezembro.
Bola de latão. Fellipe Bastos. O volante está mais perdido no meio de campo do Corinthians que político honesto em Brasília. Um reforço com prazo de validade. Sempre chega atrasado nas jogadas e só toca de lado.
Bola de lixo. Maurício Galiotte. O mandachuva e raios do Palmeiras teve de pedir autorização a Leila Pereira para promover a estreia de Borja contra Ferroviária. A dona da Crefisa, patrocinadora do time, está viajando e não admitia perder o primeiro jogo do colombiano, porque bancou a contratação. Galiotte convenceu Leila que a presença de Borja seria fundamental depois da sapatada que o time tomou do Corinthians. Um novo fracasso poderia transformar o ninho dos periquitos num caldeirão do diabo. Leila deu okay.
Bola sete. “Eu diria que 98% das mulheres na WNBA são gays. Por ser heterossexual, sofri muito bullying. Nunca fui tão chamada de puta em minha primeira temporada. Chega um momento em que você é comparada tantas vezes a um homem que você tenta se espelhar nos homens” (da ex-jogadora de basquete Candice Wiggins, 30 anos, que se aposentou em 2016 e promete mais revelações em um livro – chuá).
Dúvida pertinente. Por que o Circo Brasileiro de Futebol e as federações não fazem a mínima força para profissionalizar a arbitragem?
O que você achou? jr.malia@bol.com.br